Le Penseur
1881
bronze
71,5 x 40 x 58 cm
Photo : A. Rzepka
Todos os sistemas têm as suas “almorroidas”, já dizia o Povo.
É com respeito ao Povo Trabalhador, ao qual pertenço, debito esta reflexão. Esta factura é paga por quem quiser.
Desde dos gregos, segundo a maior enciclopédia livre, que as αἱμορροΐς (aimorrois) “são responsáveis por proteger o canal anal, ajudar a manter a continência fecal e realizar drenagem venosa da região.”
Após esta breve pesquisa, pois os tempos urgem e não podemos perder tempo nesta brevidade chamada Vida, reconheci a legitimidade desta definição. Traduz em três verbos, exactamente anos (ou será ânus?) de experiência de Vida. Assim, não há como colocar em dúvida toda esta fundamentação teórica.
Faço parte de um sistema, ou seja, toda a Vida é um sistema. A medicina, o corpo a administração, a inteligência, o mercado do peixe, o relógio, os esgotos, entre muitos outros. Seria exaustivo demonstrar que existem tantos sistemas e é tão óbvio que não serão necessárias mais evidências.
Mas qual é a relação existente entre as “almorroidas” e o sistema?
Cheguei à conclusão que no sistema que faço parte, existem “almorroidas”, mas nem todas protegem, ajudam ou realizam qualquer função para que as partes sejam um todo.
Já o Povo diz, “é a vida”.
Pois seja, mas estou relativamente inflamada com as “almorroidas” do Sistema.
Não há pomada que alivie a presença desta dor. Não há milagre que altere este estado. Não há paciência para as HEMORROIDAS DO SISTEMA.
Atingi o nível 4 deste prolapso hemorroidário permanente e irredutível, para determinadas “almorroidas” deste sistema.
Antes de perder a paciência, já tentei que algumas “almorroidas” não fossem tão inflamatórias ao meu sistema. Utilizei o toque (tipo…’tás a entender, não???,), a visualização (juro que fiz desenhos), a inspecção, até … fiquemos por aqui.
Tenho ainda dores e sei que vou ter muitas mais, mas bastam-me mesmo as minhas “almorroidas”.
Será que o termo "almorroida" existe na língua de Camões?

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